sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Stairway to heaven


No dia 30 de novembro eu e meu pai chegamos bem cedo ao Monumental para assistir à final da Libertadores. Não conhecíamos a região, mas combinamos com um taxista local de nos deixar em um ponto perto e de lá fomos caminhamos até o estádio.  A mesma coisa aconteceria na volta. Acertamos um ponto de encontro para o motorista nos levar de volta ao hotel. 

O caminho até o Monumental foi impactante. Um bairro arborizado com muitas casas bonitas. Quando nos deparamos com o estádio, entendemos o porquê do nome. Era lindo. Eu já tinha ido ali anos antes para fazer um tour no museu. Isso foi antes da reforma que rebaixou o gramado e ampliou a capacidade de público. Mas a atmosfera daquele dia 30 foi totalmente diferente ao ponto de chegarmos na porta e meu pai virar pra mim: "Aconteça o que acontecer, já valeu a experiência." E eu concordei. 

Compramos ingressos para o setor Belgrano, a parte mais alta no meio de campo do gramado. Para chegar lá, ao contrário dos estádios brasileiros, uma longa e grande escadaria nos esperava. Subimos devagar e com atenção porque meu pai já tem mais de 65 anos e eu tenho asma. Mal sabíamos que estávamos diante das escadas para o paraíso. 

O que aconteceu durante aqueles 90 minutos, todos já sabem. Até quem não gosta de futebol e não tem porque eu contar mais uma vez.

Por uma decisão policial, a saída da torcida do Botafogo após o jogo só foi liberada enquanto não houvesse um único torcedor do Atlético no estádio. Demorou um pouco. Mas todos botafoguenses desceram juntos a escada que os levava de volta a terra dos humanos, dos mortais. Já tínhamos tocado o Paraíso. 

No caminho de volta, uma imagem vai ficar marcada na minha mente: os moradores locais saudavam nossa torcida. Um homem com um cachorro e a filha pequena nos aplaudia em sua casa. No quarteirão adiante, uma criança nos acenava e dava um sorriso. Um torcedor do River agradecia pela "vingança" em cima do Atlético e outro queria trocar a camisa conosco. Mas isso já não era possível. A nossa já estava untada da Glória Eterna. 

A América do Sul de ponta a ponta, chorando e vibrando, saudando o Botafogo campeão. 

Foto: Acervo pessoal


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