Um dia no primeiro semestre desse ano conversando com minha mãe durante um passeio, falei que tinha vontade de viajar no feriado da República. Resolvemos que íamos visitar Tiradentes, cidade de Minas Gerais que não conheço. Pesquisei hotéis, pousadas, ônibus, mas demorei a fazer a reserva.
Até que um dia minha mãe me perguntou: "E aí, vamos para Tiradentes mesmo?". Isso já estava martelando na minha cabeça há dias, mas confessei: "Mãe, existe uma possibilidade muito remota do Botafogo estar na final da Libertadores nesse período. A final vai ser dia 30. Acho quase impossível estar, vamos enfrentar o favorito Palmeiras e depois mais pedreiras pela frente se avançarmos. Caso exista essa possibilidade, você gostaria de ir para Buenos Aires comigo?" Ela não liga para futebol, mas topou porque conhece a cidade e gosta bastante.
O meses se passaram, o Botafogo foi avançando na Libertadores e eu acabei reservando uma pousada reembolsável em Tiradentes.
Quando o time eliminou o São Paulo, eu comecei a pensar mais concretamente em Buenos Aires. Passei minhas férias no Nordeste, esfriei a cabeça e bati o martelo: vou comprar mesmo minhas passagens. Perguntei a minha mãe se ela queria ir. Ela não demonstrou muito interesse dessa vez, mas falou que se eu precisasse de companhia, ia comigo. Fiz a mesma pergunta ao meu pai e ele negou prontamente.
Nesse mesmo dia fui trabalhar. Após voltar do plantão, minha mãe me falou que meu pai tinha mudado de ideia e estava todo animado para ir.
O motivo? Arrumando um dos quartos da casa, ele encontrou um chaveiro em forma de taça da Libertadores do Botafogo que compramos em uma das nossas primeiras idas à Argentina. O nosso time nunca tinha sido campeão do torneio, mas compramos aquela lembrança da Caminito há mais de 15 anos. Meu pai viu ali um sinal: ele ia comigo.
Compramos as passagens e o pacote antes da semifinal contra o Peñarol. Após alguma hesitação, decidimos que viajaríamos mesmo se o Botafogo não estivesse na final.
Aquele foi o primeiro sinal de muitos outros: o 11° andar do hotel, número preferido do meu pai. Os gols marcados pela mística camisa 7, a 13 do meu ídolo Loco Abreu (que também estava no estádio) e a 11. Os sete minutos de acréscimos.
E quando comecei a escrever essa série de crônicas, percebi que a última vez que tinha escrito aqui foi em 30 de novembro. Um ano antes da Glória Eterna.
Um dia após a final, comprei todos os chaveiros iguais aquele primeiro que encontrei nas ruas do bairro de San Telmo e dei para os meus amigos do trabalho.
Há muitos outros sinais por aí...
O meu primeiro tinha um formato de um chaveiro.
Imagem: Arquivo pessoal
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