quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A escrita ao longo da vida

Quando somos bebês, toda a vida tem mais cor. Sem responsabilidades a assumir, estamos diante de um mundo novo, cheio de perigos e desafios. Mas nem isso nos preocupa. Tudo que é diferente e colorido passa a nos saltar aos olhos. Adoramos um giz de cera. Basta ver as garatujas que deixamos nas paredes da sala e os rabiscos nos consultórios médicos.



Entramos na escola e somos alfabetizados com lápis e borracha. Somos um tanto inseguros, oscilamos ainda na escrita. "Como se escreve determinada palavra?" Não estamos convictos ainda de quem somos, nem do que escrevemos. Assim, o lápis faz um traço mais fraco, indeciso e a borracha ajuda corrigindo nossos erros.

Na adolescência, é a vez da caneta. A responsabilidade já está maior, assim como nossa revolta com o mundo. Escrevemos forte, com fúria e raiva do papel. Nossas mãos chegam a doer e ter calos. Riscamos todo o papel, puxamos setas, produzindo verdadeiros hieróglifos. E quando tudo isso ainda não é suficiente, usamos o liquid paper. Sujamos e borramos tudo. Admitimos nossa incapacidade diante do papel e queremos recomeçar, como se fosse a vida real. Usando o corretor, temos a falsa impressão de que tudo voltou ao normal: lá está o papel em branco novamente.


Enfim, crescemos. Alguns optam por continuar escrevendo e desenhando. Fazem disso sua profissão. Usam a sutileza do nanquim. Desafiante. É como um bisturi: precisamos de precisão. Não podemos errar ou tudo se estraga, borra.

Agora a moda é escrever no computador. Há pessoas que nem têm mais papel e caneta em casa. Só o PC. Nele, somos padronizados: a mesma fonte, o mesmo espaçamento... Não se vê mais a caligrafia da pessoa propriamente dita. Caligrafia essa que define nosso estilo, angústias e exprime sentimentos. Ficamos engessados. Nossa maior preocupação não é mais guardar com carinho o caderno no qual escrevemos. O importante é saber se salvamos corretamente o arquivo de texto.

3 comentários:

  1. Por essas razões que me orgulho de meus garranchos! Não se pode negar meu estilo, hehe!

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  2. Se eu tenho uma oportunidade de escrever no papel ao invés do computador eu escrevo... listas, rabiscos, qualquer coisa! Sinto falta de escrever no papel se não escrevo muito tempo, tem vezes até que se desaprende a escrever e quando volta fica aquele garrancho que você pensa "nossa..."

    E quanto ao lápis e caneta, eu lembro quando na minha turma a professora falou que agora iríamos escrever de caneta, eu fiquei toda feliz pensando "nossa, sou velha e responsável já, posso escrever de caneta!"

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  3. Julia, Lembro também na tensão que os alunos ficaram no dia q a minha professora falou q ia decidir que já podia escrever à caneta. Felizmente, fui umas das "escolhidas"

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