quinta-feira, 21 de julho de 2011

Futebol feminino

         No último domingo (17/7), enquanto milhares de brasileiros acompanhavam o jogo pela quartas-de-final da Copa América, Brasil x Paraguai, acontecia em paralelo a final da Copa do Mundo de futebol feminino, entre EUA x Japão. Muitos até desconheciam esse segundo evento, tendo em vista que a seleção brasileira já havia sido eliminada. Os poucos que sabiam e acompanhavam estavam, em sua maioria, interessados em ver a goleira estadunidense Hope Solo, que chamava a atenção por sua beleza.


         A seleção brasileira já havia sido eliminada da competição pelas próprias norte-americanas. Para muitos especialistas, tratava-se de um péssimo resultado, sobretudo pelo fato de que nossa seleção vencia até o último minuto. Os EUA empataram e acabaram vencendo nos pênaltis.
        Confesso que não fiquei nem um pouco decepcionada pelo resultado. Pelo contrário. Os EUA eram os favoritos pela sua tradição na modalidade e pelo histórico recente entre as duas seleções. Acho que, na verdade, o Brasil foi até longe demais. Não há em nosso país uma única política de incentivo ao futebol feminino, mesmo com bons resultados recentes. Bem diferente dos Estados Unidos, onde os jogos das mulheres atraem grande público e a liga do país é uma das mais fortes.


        Desde a conquista da medalha de prata nas Olimpíadas de 2004 sob o comando do técnico Renê Simões, a CBF promete uma política de incentivo ao nosso futebol. Todavia, quase nada foi feito. Apenas uma tentativa de se organizar um campeonato nos moldes da Copa do Brasil. Não vingou.
        É verdade que temos um histórico de boas jogadoras: Sissi, Formiga, Kátia Cilene, Cristiane e Marta. Essa última, inclusive, foi eleita a melhor do mundo nos últimos 5 anos, desbancando outras estrelas como a americana Mia Hamm e a alemã Prinz. Contudo, essas brasileiras se destacam mais por qualidade individual do que por qualquer apoio que recebam. Ou seja, jogam tão bem que mesmo com toda a falta de investimento e infraestrutura no esporte conseguem se destacar.


       Para entender melhor todas as dificuldades que essas meninas enfrentam não precisa ir muito longe. Em uma breve análise de nossa sociedade, percebemos  o quanto essa é machista. Se uma menina pede para participar de um jogo com garotos, é vista com desconfiança. Muitos nem aceitam sua participação. Outros, quando aceitam, fazem questão de ignorá-las em campo: não tocam a bola para as mulheres.
       A feminilidade da muitas mulheres que jogam futebol também é colocada em xeque. Afinal, para muitos, "futebol é coisa de homem e lugar de mulher é na cozinha". Um bom exemplo é que até bem pouco tempo atrás nossas jogadoras não tinham uniformes femininos para jogar, restando as largas camisas masculinas para o uso.

      O preconceito não está só dentro do campo, mas também fora dele. Pense bem: quantas mulheres são comentaristas de futebol? O nome mais fácil de lembrar é o da jornalista Soninha. Outros nomes se resumem apenas a apresentadoras, que -na maioria das vezes- estão no meio só pela sua beleza e não por conhecimento. Mulher no futebol para muitos é sinônimo de maria-chuteira.
      Há ainda quem defenda a diminuição do gol no futebol feminino para facilitar as goleiras. Particularmente, sou contra a medida. Acho que nossas goleiras ainda não estão no mesmo nível técnico das demais jogadoras. Mas não é diminuindo o gol que o problema se resolve. Deve haver uma preparação especial para as goleiras para que essas se desenvolvam, assim como ocorre no futebol masculino.


      Felizmente, o preconceito vem diminuindo com o tempo, mas ainda contamina nossos campos. Quantas Martas estaremos perdendo por falta de incentivo e preconceito?

4 comentários:

  1. O preconceito ainda continua nas "entranhas" da nossa sociedade. Como diria Einstein: "Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito."
    De qualquer forma, parabéns pela postagem, pois voltou a atenção para um assunto que deve ser falado e não ignorado! Concordo plenamente contigo. Bjs

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  2. Precisamos ter mais investimento, o futebol feminino merece ter mais atenção esta mais do que na hora desse preconceito machista acabar!
    Concordo também com tudo!!!

    Dê mais valor ao Futebol Feminino!!

    bjao

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  4. Apesar de não ser fã de futebol, adorei o seu texto! Não dá para haver igualdade plena entre os gêneros enquanto houverem atividades de "exclusividade masculina".
    É preciso haver conscientização para diminuir o preconceito com maior velocidade, mas pra isso temos que mostrar aos homens que não precisamos ser "mulher-macho" para nos sairmos tão bem - ou até melhor - que eles em áreas como esportes, engenharia, entre outras.
    Beijos

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