quinta-feira, 7 de julho de 2011

6° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo

Essa semana resolvi escrever sobre um congresso o qual tive a oportunidade de participar em São Paulo. Meu primeiro congresso na área de Comunicação. 


Esse post não pretende ser uma diário sobre minha viagem, mas sim uma fonte de consulta e leitura para quem se interessar pelo assunto, ainda que não seja estudante da área.  

Se alguém quiser maiores informações, detalhes e minhas anotações sobre as palestras, basta entrar em contato.
Local: Universidade Anhembi-Morumbi campus Vila Olímpia, São Paulo
Data: 30/6 a 2/7 de 2011



Investigação de cadeias produtivas- a experiência da Repórter Brasil

Palestrante: Leandro Sakamoto (Repórter Brasil)
. Sakamoto: Jornalista e doutor em Ciência Política. Ministra aulas na pós-graduação da PUC-SP. Coordenador da ONG Repórter Brasil e seu representante na Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo.

Para Sakamoto, a origem desse tipo de jornalismo  está em investigar as empresas, sejam elas do setor privado ou não. Nesse último caso, o tempo gasto para apurar tudo é bem maior, diante das dificuldades que são impostas. O próprio consumidor também pode fazer sua parte pressionando as empresas a serem mais transparentes.

Para seu estudo, foram rastreadas mais de 600  fazendas, revelando casos de trabalho escravo e crimes ambientais em várias redes de sucesso, como as lojas Marisa.  

Outras preocupações da Repórter Brasil são as áreas griladas, o arco de desmatamento da Amazônia, a contaminação por agrotóxicos... Vale lembrar que apesar de serem questões mais ligadas à área ambiental, elas também são indicadores de qualidade de vida.

Apesar de todo o trabalho da Repórter Brasil em desvendar esses crime in loco  checando as informações, percebe-se que o brasileiro não deixa de comprar um produto por um problema ambiental de seu produtor. Isso só facilita que práticas como essas continuem ocorrendo...


Medidas de proteção para jornalistas- parte 2

Palestrantes: Marcelo Moreira (TV Globo/Abraji), João Paulo Charleuax (Última Instância) e Rodney Pinder (INSI)
Moreira: Editor-chefe do RJTV segunda-edição, telejornal local da TV Globo no Rio de Janeiro. Vice-presidente da Abraji.

. Charleux: Coordenador pedagógico dos cursos de informação sobre jornalismo em situações de conflito armado e outras situações de violência. Colunista quinzenal no website jurídico Última Instância.

Nessa segunda parte do curso foi ressaltada a importância do jornalista, fotógrafo e sua equipe estarem preparados para atuar em áreas de conflito.

Para que o conflito possa ser coberto sem maiores incidentes, é fundamental que a equipe de reportagem tenha realizado cursos específicos na área, incluindo até palestras sobre primeiros socorros. O uso de equipamentos de segurança, como colete à prova de balas e capacete também é importante. 

Infelizmente, para que essas medidas de proteção fossem tomadas e cobradas com mais rigor foi necessário que o jornalista Tim Lopes morresse em morro carioca.  Antes, o jornalista era visto como super-herói e achava que bastava mostrar seu crachá de trabalho que estaria seguro. Nas últimas décadas, o mundo ficou mais perigoso para os jornalistas, logo eles devem estar mais bem-preparados e saber como agir em situações de risco.

Nessa lógica, o INSPI (International News Safety Institute) tem realizado importantes trabalhos para evitar a morte de jornalistas. Entre os cursos ministrados e as lições, o Instituto procura criar uma cultura de segurança, ensinando que "uma vida não vale uma matéria". 

O jornalista e a assessoria de imprensa

Palestrantes: Andrew Greenlees (CDN), Mário Rosa (MR Consultoria)
Moderador: Márcio Chaer (Consultor Jurídico)

. Greenlees: Vice-presidente da CDN e atua na supervisão e no planejamento estratégico das contas de consultoria de comunicação da empresa. Diretor de assuntos institucionais da Abracom.

. Rosa: Consultor de comunicação. Autor de três livros: "A Era do Escândalo", "A Reputação da Velocidade do Pensamento" e "A Síndrome de Aquiles - Como lidar com as crises de imagem".

. Chaer: Jornalista e diretor da revista eletrônica Consultor Jurídico e da empresa de assessoria de imprensa Original 1.2.3 . 

Os palestrantes preferem o nome "relacionamento com a mídia" ao invés de "assessoria de imprensa".  Segundo eles, o trabalho de uma agência de comunicação vai além da imprensa, atuando também na comunicação interna dos funcionários.

O mercado atual busca funcionários com visão estratégica de comunicação integrada. Algumas das características que se buscam são a capacidade da imprensa em admitir seus próprios erros e a dos jornalistas em ouvirem opiniões contrárias a sua.

Em algumas empresas, há ainda a mentalidade de que a comunicação é um custo e essa costuma a ser a primeira a ser cortada para contenção de despesas.  Contudo, nos últimos anos isso vem mudando diante do crescimento das novas mídias e da importância do bom relacionamento entre os mais diversos setores.


Play the Game: em busca da ética no esporte

Palestrantes: Juca Kfouri (CBN/ ESPN/  Folha), Jens Sejer Andersen (Play the Game).
Moderador: André Luís Azevedo (TV Globo)

. Kfouri: Atualmente está na ESPN-Brasil. Apresentador, desde 2000, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio.

. Andersen: Diretor do Play the Game, uma organização internacional que objetiva promover democracia, transparência e liberdade de expressão nos esportes.

Em tempos em que os escândalos de corrupção são constantes e autoridades permanecem por décadas em seus cargos, a mesa procurava debater sobre a questão da ética no esporte.

Andersen trouxe exemplos de escândalos de presidentes de federações esportivas internacionais que se aproveitam das regalias de seus cargos para cometer falcatruas. Em âmbito nacional, Kfouri também demonstrou grande preocupação com os gastos públicos para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. Embora no início o projeto estabelecesse que essa seria "a Copa da iniciativa privada", sabe- se que todos os investimentos estão partindo do próprio BNDES e não há hoje condições para que o Brasil organize eventos dessa magnitude.


Esso 2010: Nos passos de Jean e Arthur tem um problema

Palestrantes: Thiago Herdy (O Globo/ Abraji) e João Moreira Salles (revista Piauí)

. Herdy: Correspondente do jornal "O Globo" em Belo Horizonte. É conselheiro fiscal da Abraji.

. Salles: Documentarista e cineasta, é fundador da revista Piauí. 

Moreira Salles destacou o pouco espaço dado pela imprensa para grandes reportagens, que exigem uma apuração e prazos maiores. A frente da revista piauí, ele tem procurado mudar esse cenário. O próprio Salles discutiu e entrou em detalhes sobre sua reportagem "Arthur tem um problema", que lhe garantiu um prêmio Esso. O passo-a-passo da matéria foi esmiuçado e pode-se conhecer melhor o garoto em questão, bem como seu local de trabalho, o IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada). 

Herdy contou as dificuldades que passou em Londres reconstruindo os passos de Jean Charlie de Menezes para uma reportagem especial sobre os cinco anos da morte do brasileiro. O jornalista chegou a trabalhar como motoboy e até comprar uma carteira falsa para a reportagem.

Investigação em TV: câmera escondida e outros métodos

Palestrante: Eduardo Faustini (TV Globo)
Moderador: Tyndaro Menezes (TV Globo)

. Faustini: Há 16 anos na TV Globo, como produtor e repórter investigativo do programa Fantástico, onde denunciou maus tratos nos asilos para idosos.

. Menezes: Produtor e repórter investigativo. Está na Rede Globo desde 1992. 

O repórter Faustini, que não mostra seu rosto na TV, ministrou uma palestra sobre detalhes de como se fazer uma reportagem investigativa a partir do uso da câmera escondida, esteja essa presente nos mais inusitados lugares.

Faustini também exibiu e comentou sua recente reportagem para o Fantástico, na qual percorreu os principais aeroportos do país com a réplica de um fuzil na mala e não foi parado em nenhum local. Chegou, inclusive, a entrar com a réplica dentro da bagagem de mão do avião e a exibiu em pleno voo.

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