terça-feira, 17 de julho de 2012

Bloquinho de anotações- parte 1



Esse ano tive, mais uma vez, a oportunidade de participar do Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo. O evento, que já está em sua sétima edição, foi realizado entre os dias 12 e 14 de julho na Universidade Anhembi Morumbi- Campus Vila Olímpia, São Paulo.

Nessa postagem, compartilho com vocês a primeira parte das minhas anotações durante o congresso. O objetivo não é fazer uma cobertura oficial do evento, mas permitir apenas o compartilhamento de informações e dicas de jornalismo. Como se fosse um bloquinho de anotações. 

O bê-á-bá do Excel, por José Roberto de Toledo


  • Toda fórmula no Excel começa por um sinal de igual (=). O sinal deve vir colado ao comando seguinte. Exemplo: =média
  • Fórmula sobre o cálculo de variação porcentual de uma coisa sobre a outra: =N/n-1. Onde N é o número mais novo; n o número mais velho e a barra (/) corresponde ao sinal de divisão.
  • Mediana: ponto médio de intervalo entre dados.
  • Quando a média de algo é maior que a mediana significa que há pessoas/ elementos fora da curva, puxando a média para cima.
  • Estatística dedutiva: quando se analisam dados de todo ou universo. Exemplo: Censo.
  • Estatística inferencial: baseada na teoria das probabilidades. Induz resultados para o universo a partir de uma amostra limitada. Exemplos: pesquisas de opinião.
  • Estatística descritiva: medidas de tendência central. Objetivo: encontrar um número único que resuma e represente o intervalo de dois valores. Exemplos: média, mediana e moda.
  • Média: valor mais representativo de toda uma massa de dados. Facilmente influenciada por valores extremos (pontos fora da curva).
  • Mediana: Muito usada pelo locutor de rádio. Por exemplo: A bola está no campo de ataque do time A. Não é afetada por valores extremos. 
  • Moda: só é um bom indicador da tendência central se houver apenas um valor dominante.
  • Medidas de dispersão: tamanho da diferença em relação à média.
  • Amplitude da mostra: maior valor menos o menor valor.
  • Os números, bem torturados, revelam qualquer coisa. Atenção para a manipulação.
  • Site interessante para obter dados sobre a população brasileira e, de quebra, treinar mexer em planilhas: www.sidra.ibge.gov.br
Jornalismo narrativo, por Sérgio Vilas-Boas

  • Praticar jornalismo narrativo (ou literário) é diferente de estudá-lo.
  • Ficção não é sinônimo de mentira, nem tem a ver com técnica. É uma questão de caráter.
  • Narrativa é todo e qualquer discurso capaz de evocar um mundo concebido como real, material e mental situado em um espaço determinado. 
  • Story é o arco de movimento através do tempo e do espaço que dá unidade às ações e um sentido.
  • Jornalismo narrativo: reportagem de imersão sustentada por um sólido trabalho de campo e escrita apurada. Indicado para matérias especiais (fora da agenda), mas também no dia-a-dia, em alguns casos. Sua finalidade é transmitir a vivacidade das experiências das pessoas em relação ao assunto central, incluindo as experiências do próprio jornalista, quando cabíveis.
  • Uma pauta deve ser construída com base em nomes e pessoas. Não é possível fazer jornalismo narrativo sem personagens. O próprio autor é, às vezes, personagem. 
  • Personagens não são apenas complementos ("aspas"). Eles são a razão de ser da reportagem.
  • Uma narrativa não é um relatório, um dossiê. É uma construção de dados.
  • No jornalismo narrativo, o trabalho de campo é decisivo e não a beleza do texto. 
  • O jornalista deve conquistar a confiança do outro, do entrevistado. Converse mais, entreviste menos. O jornalista também deve estar preparado para responder perguntas e não apenas fazê-las.
  • "Não tem como saber como é ser gari vestindo-se assim. O problema do gari só ele sabe".
  • Choques culturais devem ser evitados. Não batemos boca com as pessoas por mais estranho que a resposta possa aparecer.
  • Não dá para fazer um perfil sem entrevistar o principal personagem. Só o Gay Talese conseguiu isso. Ninguém conhece outro exemplo.
  • O autor é quem seleciona o tema, o protagonista e os coadjuvantes. Sua vivência com o tema/assunto escolhido determina o "volume" da sua participação (declarada) na história. O autor sempre é, no mínimo, um coadjuvante.
  • Os relacionamentos são entre iguais. Você não é superior nem inferior a ninguém.
  • "Achar que alguém é o máximo é um preconceito. Ninguém é o máximo".
  • Raciocine narrativamente o tempo todo. Não existe a hora de escrever. A hora de escrever é a hora em que você teve a ideia.
  • Formule perguntas curtas, claras e respondíveis. Não fazer pergunta "roda viva".
  • Perguntas não devem conter juízo de valor em hipótese alguma. 
  • Digite/ processe as pesquisas bibliográficas na hora. Elas podem não estar disponíveis depois.
  • Temperamento de quem faz jornalismo literário: pessoa com visão crítica da mídia que esteja sempre pesquisando e estudando.
  • O protagonista do jornalismo literário é sempre humano.
Jornalismo popular: serviço, crime e brinde, por Paulo Oliveira e Rogério Maurício

  • O Dia: fundado em 1951 por Ademar de Barros, jornal popular mais antigo. Fazer do jornal um palanque.
  • Notícias Populares em SP: proposta política diferente. Jornal popular que não falasse de política.
  • "Jornais populares contribuíram para o desenvolvimento da imprensa. Todo jornal clássico hoje se popularizou".
  • Década de 80: mudança n'O Dia, que é vendido e se qualifica. O Globo lança O Extra para impelir crescimento d'O Dia.>
  • Dos 20 jornais mais vendidos de acordo com o IVC (Instituto Verificador de Circulação), 11 são populares.
  • Jornais mais vendidos: Supernotícia (MG) com  mais de 313.000 exemplares.
  • Venda avulsa (nas bancas)  dos principais jornais tem diminuído.
  • "Jornais clássicos são muito subsidiados".
  • Nas assinaturas, os jornais clássicos se impõe. A maior parte dos jornais populares não tem assinatura pois o custo logístico (transporte, etc) não compensaria o preço. A distribuição acabaria aumentando o preço do jornal.
  • "Jornal que vende em banca tem que se mostrar útil ao leitor todo dia".
  • Em cada estado, os jornais populares têm um DNA diferente.
  • "Jornal popular é que nem agricultura. Joga a semente, dá adubo. Só colhe os frutos 3 anos depois".
  • Belo Horizonte era a penúltima capital em leitura de jornais. Hoje é a segunda, atrás de Porto Alegre.
  • Super notícia ficou 3 anos só pegando e reproduzindo matérias de outros veículos. Hoje, são cerca de 150 jornalistas na empresa em 3 redações. 
  • Super notícia começo a despontar em 2004.
  • Super notícia ainda dá prejuízo. O jornal custa R$0,25. O retorno é em publicidade.
  • Venda de jornais no ano passado cresceu 3%. Venda de jornais populares cresceu 10%.
  • Segunda e quinta são os dias que mais vendem jornais por conta da cobertura dos jogos de futebol do dia anterior.
  • Classe C é dominante em Belo Horizonte. 72% dessas pessoas leem jornal.
  • Super notícia é o mais vendido nas classes B, C e D. 
  • Super notícia começou com promoções: de carrinhos, de eletrodomésticos... Não tem seção de política e economia.
  • "Pobre adora ganhar coisa. E rico também".
  • "O problema não é só de preço, é de público".
  • Antigamente, as pessoas mais pobres tinham vergonha de ir nas bancas. Agora, o Super notícia vende em padaria, sacolão, etc.
  • "Hoje, a promoção não incrementa tanto as vendas do Super. Pessoas criaram o hábito".
  • "Número de vendas de um jornal não diz respeito a qualidade do trabalho do jornalista".
  • "Jornal popular é um tradutor. Tradução permanente para uma linguagem mais simples, em menos linhas".

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