quarta-feira, 13 de abril de 2011

13

Não sei como aguentei tanto tempo sem falar do Botafogo. Achei, então, uma data conveniente. Não é um post só para os botafoguenses. É para todos que admiram o futebol.

Todo botafoguense é supersticioso. Se você não é, esqueça, você não é alvinegro de verdade.

Ele chegou no início de 2010. Contratação internacional. O Botafogo voltava a ocupar as primeiras páginas dos jornais esportivos. Loco Abreu foi recebido já com festa no aeroporto e não foi diferente na sede de General Severiano. Poucas vezes a torcida se mobilizou tanto por uma jogador que muitos nem conheciam.

Logo, de início, ele mostrou personalidade. Ignorou as lendas acerca do número 13 e pediu para jogar com a camisa. Mostrou simpatia também ao convidar Zagallo para sua apresentação.

Vendo a boa repercussão na mídia, o marketing alvinegro se apressou e lançou uma camisa em sua homenagem. Confesso que fiquei receosa: "Ele nem jogou ainda. E se não der certo?"



Loco Abreu estreou no dia 24 de janeiro contra o Vasco. Lembro do dia porque era meu aniversário. Foi tenebroso. O Botafogo foi humilhado em pleno Engenhão. Abreu quase não tocou na bola e foi logo substituído. Pensei: "Já começou errado".

Felizmente, a situação foi mudando. Aos poucos, o time foi se recuperando do trauma e começou a vencer. Sempre no tradicional estilo inglês: "chuveirinho" para área, gol do Loco.

De repente, para a surpresa de todos, o Botafogo chegava à final da Taça Guanabara. O adversário, o mesmo Vasco. Eu não estava no país e fiquei ainda mais nervosa. Mas tinha uma certeza: não perderíamos de novo. O time aprendera a lição. Não deu outra: 2x0 Botafogo, com gol de pênalti cobrado com categoria por Abreu. Título alvinegro.

A Taça Rio transcorreu sem maiores problemas. Novamente, o Botafogo estava na final do turno. Mas, dessa vez, o adversário era o Flamengo. Não era um time qualquer. Era o time mais exaltado pela imprensa com o famoso "Império do Amor". E o Botafogo vinha de um histórico de derrota em finais para eles. A história se repetia. O Botafogo começava ganhando e o Flamengo virava no fim, sempre com um pênalti a favor. Mas nos outros anos não havia um personagem: Loco Abreu. Ele sabia que não era craque, mas prometia dar o seu máximo. E deu.



Pênalti  para o Botafogo. Herrera era o batedor oficial. Mas Loco pegou a bola e... Sutileza. Cavadinha. Travessão. Gol. No meio. Loucura da torcida. Botafogo campeão carioca de 2010. Esquecendo sua sina, virando a página, com a ousadia de um uruguaio.

Acho que nunca comemorei tanto um título. A ferida tinha cicatrizado.

Abreu também deu muitas alegrias ao ser convocado para disputar a Copa do Mundo. O Botafogo não cedia atletas há um bom tempo. Loco era reserva. Quase não entrava nos jogos. Mas seu carisma fez com que muitos botafoguenses "adotassem" a seleção uruguaia. Deu certo. A celeste olímpica ficou em quarto lugar.

E contra Gana, tive mais orgulho ainda. Abreu repetiu a cavadinha e classificou o país para as semifinais. Vibrei muito. No dia seguinte, Loco era destaque na imprensa internacional e ajudava a divulgar o nome do Botafogo. Aqui, umas das manchetes foi: "Só o Botafogo salva".

Loco Abreu voltou como herói e ajudou na boa campanha no Brasileiro com gols decisivos, como contra o Santos.



Loco Abreu é marcante. Alto, tinha tudo para ser desengonçado e sem habilidade. Mas não é. Tem visão de jogo. É esclarecido, sabe se expressar bem. Ousado, é capaz de errar uma cavadinha num clássico e repeti-la em seguida. Supersticioso, como todo bom alvinegro deve ser.

Abreu resgatou o orgulho alvinegro. O orgulho de vestir a camisa alvinegra. Gracias, Washington Sebastián
Abreu Gallo.

PS: Hoje é dia 13 de Abreu (ops, de Abril).

7 comentários:

  1. Muito bom o texto. O Loco não é nenhum craque de bola, mas é um cara inteligente fora e dentro de campo. É um jogador importante pra esse time.

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  2. Ótimo texto! Você tem uma capacidade de expressão muito intensa. Adorei o texto (apesar do meu Vasco ter perdido a Taça Guanabara) e reconheço a personalidade que Abreu trouxe ao futebol brasileiro nos ultimos anos. Sucesso com o blog ;*

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  3. Estou adorando este lugar! Aqui eu encontro coisas lindas e alguém que a ama o Fogão tanto quanto eu. Parabéns e bjks.

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  4. Tricolor que sou, sei como é ter um estrangeiro que representa muito bem tudo aquilo que um clube é. Supersticioso, habilidoso e definidor, Loco Abreu é a cara do Botafogo, enquanto persistente, guerreiro e incansável é o Conca, que se tornou o símbolo do Fluminense. Parabens pelo artigo, ficou muito bom de verdade! Dá pra sentir a paixão em cada palavra. =)

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