Um dos assuntos que mais
despertam o meu interesse diz respeito à amizade. Até já publiquei um texto
sobre isso aqui. (“Sobre estrelas e cometas”). Às vezes me pego distraída,
pensando naquele amigo que nunca mais vi, do colega de classe que não tenho mais
notícias... Fico relembrando os bons tempos, as risadas e as conversas. Tento
me lembrar do rosto e de seus detalhes, que parecem se apagar à medida que o
tempo passa.
De vez em quando, encontro
algumas dessas pessoas na rua. Identifico imediatamente de quem se trata e fixo
meu olhar nela, à espera de um reconhecimento. Em quase todas as vezes, sou
ignorada. Sempre surgem, então, aquelas dúvidas: Será que ela não me viu? Ou
será que ela simplesmente não quis falar comigo? Com a minha timidez, acabo não
chamando a pessoa e deixo a oportunidade passar...
Outro dia isso aconteceu de novo.
Só que dessa vez, o resultado foi diferente. Eu estava voltando do curso de
ônibus quando em frente ao meu antigo colégio fizeram sinal para que o veículo
parasse. Eu logo reconheci o rosto e fixei meu olhar. Todas aquelas perguntas
me vieram novamente à mente. Para a minha surpresa, um cumprimento. Era a chave
que nós precisávamos para durante cinco minutos relembrarmos nossos bons
momentos, há 5 anos.
O grande tempo sem nos vermos
deixa marcas: não sabemos onde e nem o quê o outro está estudando. O outro
ainda lembra de você de aparelho nos dentes. Definitivamente, mudamos todos. Em
tão pouco tempo, nossas vidas deram um salto: nos formamos no colégio, fizemos
vestibular, estudamos numa universidade e estamos trabalhando. Acho que nenhuma
de nós duas poderia prever esse destino lá atrás.
Uma pena que toda a curiosidade
não possa ser saciada durante 5 minutos. Temos até que escolher cuidadosamente
o que perguntar, para não desperdiçarmos tempo com respostas evasivas.
Já é hora de saltar do ônibus.
Ganhei o dia com um simples “como foi bom ver você”. Igualmente.
É muito bom vê-la escrevendo novamente! Bem vinda!
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