quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Teto de vidro

                                                       "Toda a hipocrisia
                                                        E toda a afetação
                                                        Todo roubo e toda indiferença
                                                        Vamos celebrar epidemias 
                                                        É a festa da torcida campeã" (Renato Russo)


Manchete de jornal brasileiro se referindo a um esquema de corrupção já virou uma constante. Os casos são tantos (a maioria não é descoberto) que temo o dia em que  eles não apareçam mais nos jornais. Seria a derrota definitiva. Passaríamos, então, a admitir que essas falcatruas não são mais novidades e, portanto, não merecem virar notícia. 

O caso mais recente aconteceu no DNIT (Departamento Nacional de InfraEstrutura de Transportes). Mas também temos outros exemplos: mensalão, anões do orçamento e mensalinho. Cito só esses três, mas poderia tranquilamente escrever um livro só com exemplos de crimes de desvios de verbas, nepotismo, dentre outros.


Quando um caso desses é descoberto e ganha destaque na mídia, logo surge uma corrente de (falsos) moralistas. Combatem as práticas ilícitas, pedem punição exemplar, promovem até carreatas. Depois de algum tempo, acabam "esquecendo o ocorrido" e fica por isso mesmo...

Contudo, meu objetivo não é atentar para esses crimes (algo que a mídia já faz), mas sim para esses moralistas. Certa vez me disseram que você só pode reclamar de uma coisa se você é um exemplo naquilo que faz. Para tentar deixar essa ideia mais clara, recorro a um exemplo. Um cara é contra os políticos, pois acha que são todos corruptos. Tem horror a eles. No entanto, não hesita em oferecer um "cafezinho" para o policial quando é parado num blitz. Fica, então, minha pergunta: isso também não é corrupção?

Ainda que em locais e níveis diferentes, sou contra todo e qualquer tipo de corrupção. Afirmativa muito fácil essa de se fazer, não é mesmo? Mas quando digo "a todo e qualquer tipo" falo também de se empregar parentes numa mesma empresa, fraudar provas e qualquer desrespeito às "normas do jogo".


Infelizmente, sei que a maioria das pessoas não concorda com essa minha opinião. "Que mal tem se todo mundo faz, não é?"- alguns comentam. Outros defendem que como não é possível acabar com essas práticas, por que também não adotá-las para se beneficiar, uma vez que "ninguém é punido mesmo"? Pensamento no melhor estilo "se não pode vencê-los, junte-se a eles".

Toda essa hipocrisia com que convivemos faz com que o adjetivo honesto passe a ser um elogio. Particularmente, acho que ser honesto deveria ser uma obrigação e não uma qualidade. Mas muita gente se aproveita disso e se finge de malandro para se dar bem, fazendo uso daquele "velho jeitinho brasileiro".

Todavia, fica aqui o aviso: quem tem teto de vidro...

3 comentários:

  1. "Particularmente, acho q ser honesto deveria ser uma obrigação e não uma qualidade."

    Infelizmente, a cada dia, esta "obrigação" se torna mais um diferencial do que uma caracteristica comum.

    Parabéns pelo blog, muita coisa boa, especialmente as dicas de livros, também sou adepto de uma boa leitura. :)

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  2. Ola,vim aqui agradeçer por visitar e seguir meu blog,
    obrigado e retribuindo o carinho(seguindo o seu),abçs!:D

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  3. Concordo com tudo o que você disse, Maria Clara! Infelizmente ser uma pessoa honesta hoje em dia te torna a "ovelha negra" do rebanho (não seria a ovelha branca?). Mas eu acredito em carma, tudo o que fazemos nesse mundo volta pra gente!

    Gosto muito do seu blog, continue assim!
    Beijos

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